Catequese

Catecismo da Igreja Católica

Catecismo da Igleja Católica
1a PARTE - A PROFISSÃO DA FÉ
2a SEÇÃO - A PROFESSÃO DA FÉ CRISTÃ
O CREDO - CAPÍTULO 1o 
«CREIO EM DEUS, PAI TODO-PODEROSO, CRIADOR DO CÉU E DA TERRA»

40. Porque é importante a revelação do nome de Deus?
Ao revelar o seu Nome, Deus dá a conhecer as riquezas do seu mistério inefável: só Ele é, desde sempre e para sempre, Aquele que transcende o mundo e a história. Foi Ele que fez o céu e aterra. Ele é o Deus fiel, sempre próximo do seu povo para o salvar. É o Santo por excelência, «rico de misericórdia» (Ef 2,4), sempre pronto a perdoar. É o Ser espiritual, transcendente, omnipotente, eterno, pessoal, perfeito. É verdade e amor. «Deus é o ser infinitamente perfeito que é a  Santíssima Trindade» (S. Turíbio de Mongrovejo).

41. Em que sentido Deus é a verdade?
Deus é a própria Verdade e como tal não se engana e não pode enganar. Ele «é luz e n’Ele não há trevas» (1 Jo 1,5). O Filho eterno de Deus, Sabedoria encarnada, foi enviado ao mundo «para dar testemunho da Verdade» (Jo 18, 37).

42. De que maneira Deus revela que é amor?
Deus revela-se a Israel como Aquele que tem um amor mais forte que o pai ou a mãe pelos seus filhos ou o esposo pela sua esposa. Ele, em Si mesmo, «é amor» (1 Jo 4,8.16), que se dá completa e gratuitamente, «que tanto amou o mundo que lhe deu o seu próprio Filho unigênito, para que o mundo seja salvo por seu intermédio» (Jo 3,16-17). Enviando o seu Filho e o Espírito Santo, Deus revela que Ele próprio é eterna permuta de amor.

43. O que implica crer em um só Deus?
Crer em Deus, o Único, implica: conhecer a sua grandeza e majestade; viver em ação de graças; confiar sempre n’Ele, até nas adversidades; reconhecer a unidade e a verdadeira dignidade de todos os homens, criados à imagem de Deus; usar retamente as coisas por Ele criadas.

44. Qual é o mistério central da fé e da vida cristã? 
O mistério central da fé e da vida cristã é o mistério da Santíssima Trindade. Os cristãos são baptizados no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo.

45. O mistério da Santíssima Trindade pode ser conhecido só pela razão humana? 
Deus deixou alguns traços do seu ser trinitário na criação e no Antigo Testamento, mas a intimidade do seu Ser como Trindade Santa constitui um mistério inacessível à razão humana sozinha, e mesmo à fé de Israel, antes da Encarnação do Filho de Deus e do envio do Espírito Santo. Tal mistério foi revelado por Jesus Cristo e é a fonte de todos os outros mistérios.

46. O que nos revela Jesus Cristo sobre o mistério do Pai?
Jesus Cristo revela-nos que Deus é «Pai», não só enquanto é Criador do universo e do homem, mas sobretudo porque, no seu seio, gera eternamente o Filho, que é o seu Verbo, «resplendor da sua glória, e imagem da sua substância» (Heb1, 3).

47. Quem é o Espírito Santo que Jesus Cristo nos revelou?
É a terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Ele é Deus, uno e igual ao Pai e ao Filho. Ele «procede do Pai» (Jo 15, 26), o qual, princípio sem princípio, é a origem de toda a vida trinitária. E procede também do Filho (Filioque), pelo dom eterno que o Pai faz de Si ao Filho. Enviado pelo Pai e pelo Filho encarnado, o Espírito Santo conduz a Igreja «ao conhecimento da Verdade total» (Jo 16, 13).

48. Como é que a Igreja exprime a sua fé trinitária?
A Igreja exprime a sua fé trinitária confessando um só Deus em três Pessoas: Pai e Filho e Espírito Santo. As três Pessoas divinas são um só Deus, porque cada uma delas é idêntica à plenitude da única e indivisível natureza divina. Elas são realmente distintas entre si, pelas relações que as referenciam umas às outras: o Pai gera o Filho, o Filho é gerado pelo Pai, o Espírito Santo procede do Pai e do Filho.


1a Parte - A Profissão da fé
2a seção - A Profissão da fé cristã
Capítulo 2º - Deus vem ao encontro do homem


O Credo
Creio em Deus, Pai todo-poderoso, Criador do Céu e da Terra E em Jesus Cristo, seu único
Filho, nosso Senhor que foi concebido pelo poder do Espírito Santo; nasceu da Virgem Maria; padeceu sob Pôncio Pilatos, foi crucificado, morto e sepultado; desceu à mansão dos mortos; ressuscitou ao terceiro dia; subiu aos Céus; está sentado à direita de Deus Pai todo-poderoso, de onde há de vir a julgar os vivos e os mortos.
Creio no Espírito Santo; na santa Igreja Católica; na comunhão dos Santos; na remissão dos pecados; na ressurreição da carne; e na vida eterna. Amém.

Transmissão da divina revelação

A Sagrada Escritura


24. Qual a função da Sagrada Escritura na vida da Igreja?
A Sagrada Escritura dá sustento e vigor à vida da Igreja. É para os seus filhos firmeza da fé, alimento e fonte de vida espiritual. É a alma da teologia e da pregação pastoral. Diz o Salmista: ela é «lâmpada para os meus passos, luz no meu caminho» (Sal 119,105). Por isso, a Igreja exorta à leitura frequente da Sagrada Escritura, uma vez que «a ignorância das Escrituras é ignorância de Cristo» (S. Jerônimo).

23. Que unidade existe entre o Antigo e o Novo Testamento?
A Escritura é una, uma vez que única é a Palavra de Deus, único é o projeto salvífico de Deus, única a inspiração divina dos dois Testamentos. O Antigo Testamento prepara o Novo e o Novo dá cumprimento ao Antigo: os dois iluminam-se mutuamente.

22. Que importância tem o Novo Testamento para os cristãos?
O Novo Testamento, cujo objeto central é Jesus Cristo, entrega-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Nele, os quatro Evangelhos de Mateus, Marcos, Lucas e João, enquanto são o principal testemunho da vida e da doutrina de Jesus, constituem o coração de todas as Escrituras e ocupam um lugar único na Igreja.

21. Que importância tem o Antigo Testamento para os cristãos?
Os cristãos veneram o Antigo Testamento como verdadeira Palavra de Deus: todos os seus escritos são divinamente inspirados e conservam um valor permanente. Eles dão testemunho da divina pedagogia do amor salvífico de Deus. Foram escritos sobretudo para preparar o advento de Cristo Salvador do universo.

20. O que é o cânone das Escrituras?
O Cânone das Escrituras é a lista completa dos escritos sagrados, que a Tradição Apostólica levou a Igreja a discernir. O Cânone compreende 46 escritos do Antigo Testamento e 27 do Novo.

19. Como ler a Sagrada Escritura? 
A Sagrada Escritura deve ser lida e interpretada com a ajuda do Espírito Santo e sob a condução do Magistério da Igreja segundo três critérios: 1) atenção ao conteúdo e à unidade de toda a Escritura; 2) leitura da Escritura na Tradição viva da Igreja; 3) respeito pela analogia da fé, isto é, da coesão entre si das verdades da fé.

18. Por que é que a sagrada Escritura ensina a verdade? 
Porque o próprio Deus é o autor da Sagrada Escritura: por isso ela é dita inspirada e ensina sem erro aquelas verdades que são necessárias para a nossa salvação. Com efeito, o Espírito Santo inspirou os autores humanos, os quais escreveram aquilo que Ele nos quis ensinar. No entanto, a fé cristã não é «uma religião do Livro», mas da Palavra de Deus, que não é «uma palavra escrita e muda, mas o Verbo Encarnado e vivo» (S. Bernardo de Claraval).

17. Que relação existe entre a Escritura, a Tradição e o Magistério? 
De tal maneira estão unidos, que nenhum deles existe sem os outros. Todos juntos contribuem eficazmente, cada um a seu modo, sob a ação do Espírito Santo, para a salvação dos homens.

16. A quem compete interpretar autenticamente o depósito da fé? 
A interpretação autêntica do depósito da fé compete exclusivamente ao Magistério vivo da Igreja, isto é, ao Sucessor de Pedro, o Bispo de Roma, e aos Bispos em comunhão com ele. Ao Magistério, que, no serviço da Palavra de Deus, goza do carisma certo da verdade, compete ainda definir os dogmas, que são formulações das verdades contidas na Revelação divina; tal autoridade estende-se também às verdades necessariamente conexas com a Revelação.

15.  A quem é confiado o depósito da fé? 
O depósito da fé é confiado pelos Apóstolos a toda a Igreja. Todo o povo de Deus, mediante o sentido sobrenatural da fé, conduzido pelo Espírito Santo, e guiado pelo Magistério da Igreja, acolhe a Revelação divina, compreende-a cada vez mais e aplica-a à vida.

14. Que relação existe entre a Tradição e a Sagrada Escritura?
A Tradição e a Sagrada Escritura estão intimamente unidas e compenetradas entre si. Com efeito, ambas tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo e provêm da mesma fonte divina: constituem um só sagrado depósito da fé, do qual a Igreja recebe a certeza acerca de todas as coisas reveladas.

13. Como se realiza a Tradição Apostólica?
A Tradição Apostólica realiza-se de duas maneiras: mediante a transmissão viva da Palavra de Deus (chamada também simplesmente a Tradição) e através da Sagrada Escritura que é o próprio anúncio da salvação transmitido por escrito.


12. O que é a Tradição Apostólica?
A Tradição Apostólica é a transmissão da mensagem de Cristo, realizada desde as origens do cristianismo, mediante a pregação, o testemunho, as instituições, o culto, os escritos inspirados. Os Apóstolos transmitiram aos seus sucessores, os Bispos, e, através deles, a todas as gerações até ao fim dos tempos, tudo o que receberam de Cristo e aprenderam do Espírito Santo.


10. Qual o valor das revelações privadas? 
Embora não pertençam ao depósito da fé, elas podem ajudar a viver esta mesma fé, desde que mantenham uma estrita orientação para Cristo. O Magistério da Igreja, ao qual compete discernir as revelações privadas, não pode, por isso, aceitar aquelas que pretendem superar ou corrigir a Revelação definitiva que é Cristo.

9. Qual é a etapa plena e definitiva da Revelação de Deus? 
É aquela realizada no seu Verbo encarnado, Jesus Cristo, mediador e plenitude da Revelação. Sendo o Filho Unigênito de Deus feito homem, Ele é a Palavra perfeita e definitiva do Pai. Com o envio do Filho e o dom do Espírito, a Revelação está, finalmente, completada, ainda que a fé da Igreja deva recolher todo o seu significado ao longo dos séculos.

8. Quais as etapas sucessivas da revelação de Deus? 
Deus escolhe Abrão chamando-o a deixar a sua terra para fazer dele “o pai duma multidão de povos” (Gn 17,5), e promete abençoar nele “todas as nações da terra” (Gn 12,3). Os descendentes de Abraão serão o povo eleito, os depositários das promessas divinas feitas aos patriarcas. Deus forma Israel como seu povo salvando-o da escravidão do Egito; conclui com ele a Aliança do Sinai, e dá-lhe a sua Lei, por meio de Moisés. Os profetas anunciam uma redenção radical do povo e uma salvação que incluirá todas as nações numa Aliança nova e eterna, que será gravada nos corações. Do povo de Israel, da descendência do rei David, nascerá o Messias: Jesus. 

7. Quais as primeiras etapas da revelação de Deus? 
Deus manifesta-se desde o princípio aos nossos primeiros pais, Adão e Eva, e convida-os a uma comunhão íntima com Ele. Após a sua queda, não interrompe a revelação e promete a salvação para toda a sua descendência. Após o dilúvio, estabelece com Noé uma aliança entre Ele e todos os seres vivos.


2a Seção - A Profissão da fé cristã
O credo
Capítulo 3o


«Creio na ressurreição da carne»

203. O que significa a "ressurreição da carne? 
Significa que o estado definitivo do homem não será só a alma espiritual separada do corpo, mas também que os nossos corpos mortais um dia retomarão a vida.


202. Que indica a palavra carne e qual é a sua importância?
O termo carne designa o homem na sua condição de debilidade e de mortalidade. «A carne é o eixo da salvação» (Tertuliano). Com efeito, nós cremos em Deus que é o Criador da carne; cremos no Verbo que se fez carne para redimir a carne; cremos na ressurreição da carne, acabamento da criação e da redenção da carne.


«CREIO NA SANTA IGREJA CATÓLICA»
A Igreja: Povo de Deus, corpo de Cristo,
templo do Espírito Santo

«CREIO NA COMUNHÃO DOS SANTOS»



199. Como é que a bem-aventurada Virgem Maria é ícone escatológico da Igreja? 
Dirigindo o seu olhar para Maria, santíssima e já glorificada em corpo e alma, a Igreja contempla o que ela própria é chamada a ser na terra e o que será na pátria celeste.

198. Que tipo de culto se presta à Virgem santíssima? 
É um culto singular, que difere essencialmente do culto de adoração, prestado apenas à Santíssima Trindade. Tal culto de especial veneração encontra uma particular expressão nas festas litúrgicas dedicadas à Mãe de Deus e na oração mariana, como o santo Rosário, resumo de todo o Evangelho.


197. Como é que a Virgem Maria ajuda a Igreja? 
Após a Ascensão do Seu Filho, a Virgem Maria ajuda, com as suas orações, as primícias da Igreja e, mesmo depois da sua assunção ao céu, continua a interceder pelos seus filhos, a ser para todos um modelo de fé e de caridade, e a exercer sobre eles um influxo salutar, que nasce da superabundância dos méritos de Cristo. Os fiéis vêem nela uma imagem e uma antecipação da ressurreição que os espera, invocando-a como advogada, auxiliadora, socorro, medianeira.


Maria Mãe de Cristo, Mãe da Igreja
196. Em que sentido a Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja? 
A Bem-aventurada Virgem Maria é Mãe da Igreja na ordem da graça porque deu à luz Jesus, o Filho de Deus, Cabeça do corpo que é a Igreja. Jesus ao morrer na cruz, indicou-a como mãe ao discípulo com estas palavras: «Eis a tua Mãe» (Jo 19, 27).   


195. O que significa ainda a expressão "comunhão dos santos"? 
Designa ainda a comunhão entre as pessoas santas (sancti), isto é, entre os que, pela graça, estão unidos a Cristo morto e ressuscitado. Alguns são peregrinos na terra; outros, que já partiram desta vida, estão a purificar-se, ajudados também pelas nossas orações; outros, enfim, gozam já da glória de Deus e intercedem por nós. Todos juntos formam, em Cristo, uma só família, a Igreja, para louvor e glória da Trindade.


194. O que significa a expressão comunhão dos santos?
Indica, antes de mais, a participação de todos os membros da Igreja nas coisas santas (sancta): a fé, os sacramentos, em especial a Eucaristia, os carismas e os outros dons espirituais. Na raiz da comunhão está a caridade que «não procura o próprio interesse» (1Cor 13, 5), mas move o fiel «a colocar tudo em co-mum» (Act 4, 32), mesmo os próprios bens materiais ao serviço dos pobres. 


193. O que e que a vida consagrada oferece à missão da Igreja?
A vida consagrada participa na missão da Igreja mediante uma plena dedicação a Cristo e aos irmãos, testemunhando a esperança do Reino celeste. 

192. O que é vida consagrada? 
É um estado de vida reconhecido pela Igreja. É uma resposta livre a um chamamento particular de Cristo, mediante a qual os consagrados se entregam totalmente a Deus e tendem para a perfeição da caridade sob a moção do Espírito Santo. Tal con-sagração caracteriza-se pela prática dos conselhos evangélicos.


188. Qual é a vocação dos fiéis leigos? 
Os fiéis leigos têm como vocação própria a de procurar o reino de Deus, iluminando e ordenando as realidades temporais segundo Deus. Correspondem assim ao chamamento à santidade e ao apostolado, dirigido a todos os batizados.


187. Como é que os Bispos exercem a missão de governar? 
Cada Bispo, enquanto membro do colégio episcopal, exerce colegialmente a solicitude por todas as Igrejas particulares e por toda a Igreja, juntamente com os outros Bispos unidos ao Papa. O Bispo, a quem é confiada uma Igreja particular, governa-a com a autoridade do poder sagrado, próprio, ordinário e imediato, exercido em nome de Cristo, bom Pastor, em comunhão com toda a Igreja e sob a condução do sucessor de Pedro.


186. Como é que os Bispos exercem sua missão de santificar? 
Os Bispos santificam a Igreja dispensando a graça de Cristo, mediante o ministério da palavra e dos sacramentos, em particular da Eucaristia, e também com a oração e o seu exemplo e trabalho.


185. Como se exerce a infabilidade do magistério? 
A infalibilidade exerce-se quando o Romano Pontífice, em virtude da sua autoridade de supremo Pastor da Igreja, ou o Colégio Episcopal, em comunhão com o Papa, sobretudo reunido num Concílio Ecumênico, proclamam com um ato definitivo uma doutrina respeitante à fé ou à moral, e também quando o Papa e os Bispos, no seu Magistério ordinário, concordam ao propor uma doutrina como definitiva. A tais ensinamentos cada fiel deve aderir com o obséquio da fé.

184. Como é que os Bispos exercem sua missão de ensinar? 
Os Bispos, em comunhão com o Papa, têm o dever de anunciar o Evangelho a todos, fielmente e com autoridade, como autênticas testemunhas da fé apostólica e revestidos da autoridade de Cristo. Mediante o sentido sobrenatural da fé, o Povo de Deus, adere indefectivelmente à fé, sob a condução do Magistério vivo da Igreja.


178. Como é formado o povo de Deus?
Na Igreja, por instituição divina, existem os ministros sagrados que receberam o sacramento da Ordem e formam a hierarquia da Igreja. Os outros são chamados leigos. De uns e de outros, provêm fiéis, que se consagram de modo especial a Deus com a profissão dos conselhos evangélicos: castidade no celibato, pobreza e obediência.

177. Quem são os fiéis?
Os fiéis são aqueles que, incorporados em Cristo pelo Batismo, são constituídos membros do povo de Deus. Tornados participantes, segundo a sua condição, da função sacerdotal, profética e real de Cristo, são chamados a exercer a missão confiada por Deus à Igreja. Entre eles subsiste uma verdadeira igualdade, na sua dignidade de filhos de Deus.

176. O que é a sucessão apostólica?
 A sucessão apostólica é a transmissão, mediante o sacra-mento da Ordem, da missão e do poder dos Apóstolos aos seus sucessores, os Bispos. Graças a esta transmissão, a Igreja permanece em comunhão de fé e de vida com a sua origem, enquanto ao longo dos séculos orienta todo o seu apostolado para a difusão do Reino de Cristo na terra.

175. Em que consiste a missão dos Apóstolos?
A palavra Apóstolo significa enviado. Jesus, o Enviado do Pai, chamou a Si doze entre os Seus discípulos e constituiu-os como seus Apóstolos, fazendo deles testemunhas escolhidas da sua ressurreição e fundamentos da sua Igreja. Deu-lhes o mandato de continuarem a sua missão, dizendo: «Como o Pai me enviou, assim também Eu vos envio a vós» (Jo 20,21). E prometeu estar com eles até ao fim do mundo.

174. Por que é que a Igreja é apostólica?
 A Igreja é apostólica pela sua origem, sendo construída sobre o «fundamento dos Apóstolos» (Ef 2,20); pelo ensino, que é o mesmo dos Apóstolos; pela sua estrutura, enquanto instruída, santificada e governada, até ao regresso de Cristo, pelos Apóstolos, graças aos seus sucessores, os Bispos em comunhão, com o sucessor de Pedro

173. Como é que a Igreja é missionária?
Guiada pelo Espírito Santo, a Igreja continua no curso da história a missão do próprio Cristo. Os cristãos portanto devem anunciar a todos a Boa Nova trazida por Cristo, seguindo o seu caminho, dispostos também ao sacrifício de si mesmos até ao martírio.

172. Por que é que a Igreja deve anunciar o Evangelho a todo o mundo?
Porque Cristo ordenou: «ide e ensinai todas as nações, batizando-as no nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo» (Mt 28,19). Este mandato missionário do Senhor tem a sua fonte no amor eterno de Deus, que enviou o seu Filho e o seu Espírito porque «quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade» (1 Tim 2, 4).

171. Que significa a afirmação «Fora da Igreja não há salvação»?
Significa que toda a salvação vem de Cristo-Cabeça por meio da Igreja, que é o seu corpo. Portanto não poderiam ser salvos os que, conhecendo a Igreja como fundada por Cristo e necessária à salvação, nela não entrassem e nela não perseverassem. Ao mesmo tempo, graças a Cristo e à sua Igreja, podem conseguir a salvação eterna todos os que, sem culpa própria, ignoram o Evangelho de Cristo e a sua Igreja mas procuram sinceramente Deus e, sob o influxo da graça, se esforçam por cumprir a sua vontade, conhecida através do que a consciência lhes dita.

170. Que ligação há entre a Igreja católica e as religiões não cristãs?
 Antes de mais, há o laço comum da origem e fim de todo o gênero humano. A Igreja católica reconhece que tudo o que de bom e de verdadeiro existe nas outras religiões vem de Deus, é reflexo da sua verdade, pode preparar para acolher o Evangelho e mover em direção à unidade da humanidade na Igreja de Cristo.

169. Qual a relação da Igreja católica com o povo judeu?
 A Igreja católica reconhece a sua relação com o povo judeu no fato de Deus ter escolhido este povo entre todos, para primeiro acolher a sua Palavra. É ao povo judeu que pertencem «a adoção a filhos, a glória, as alianças, a legislação, o culto, as promessas, os patriarcas; dele provém Cristo segundo a carne» (Rm 9,5). Diferentemente das outras religiões não cristãs, a fé judaica é já resposta à Revelação de Deus na Antiga Aliança.

168. Quem pertence à Igreja católica?
Todos os homens, de diferentes modos, pertencem ou estão ordenados à unidade católica do povo de Deus. Estão plenamente incorporados na Igreja católica aqueles que, tendo o Espírito de Cristo, se encontram unidos a ela pelos vínculos da profissão de fé, dos sacramentos, do governo eclesiástico e da comunhão. Os batizados que não se encontram plenamente nesta unidade católica estão numa certa comunhão, ainda que imperfeita, com a Igreja Católica.

167. É também católica a Igreja particular?
É católica toda a Igreja particular (isto é, a diocese e a epar-quia), formada pela comunidade de fiéis cristãos que estão em comunhão de fé e de sacramentos seja com o seu Bispo, orde-nado na sucessão apostólica, seja com a Igreja de Roma, que «preside à caridade» (S. Inácio de Antioquia).

166. Porque é que a Igreja se chama católica?
A Igreja é católica, isto é, universal, porque nela está presente Cristo: «Onde está Cristo Jesus, aí está a Igreja católica» (S. Inácio de Antioquia). Ela anuncia a totalidade e a integridade da fé; leva e administra a plenitude dos meios de salvação; é enviada em missão a todos os povos, em todos os tempos e qualquer que seja a cultura a que eles pertençam.

165. Em que sentido a Igreja é santa?
 A Igreja é santa, porque Deus Santíssimo é o seu autor; Cristo entregou-se por ela, para a santificar e fazer dela santificadora; e o Espírito Santo vivifica-a com a caridade. Nela se encontra a plenitude dos meios de salvação. A santidade é a vocação de cada um dos seus membros e o fim de cada uma das suas atividades. A Igreja inclui no seu interior a Virgem Maria e inumeráveis Santos, como modelos e intercessores. A santidade da Igreja é a fonte da santificação dos seus filhos, que, aqui, na terra, se reconhecem todos pecadores, sempre necessitados de conversão e de purificação.

164. Como empenhar-se em favor da unidade dos cristãos?
O desejo de restabelecer a união de todos os cristãos é um dom de Cristo e um apelo do Espírito. Ele diz respeito a toda a Igreja e realiza-se mediante a conversão do coração, a oração, o recíproco conhecimento fraterno, o diálogo teológico.

163. Como considerar os cristãos não católicos?
Nas Igrejas e comunidades eclesiais, que se desligaram da plena comunhão da Igreja católica, encontram-se muitos elementos de santificação e de verdade. Todos estes bens provêm de Cristo e conduzem para a unidade católica. Os membros destas Igrejas e comunidades são incorporados em Cristo pelo Batismo: por isso, nós reconhecemo-los como irmãos.

162. Onde subsiste a única Igreja de Cristo?
A única Igreja de Cristo, como sociedade constituída e organizada no mundo, subsiste (subsistit in) na Igreja católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos Bispos em comunhão com ele. Só por meio dela se pode obter toda a plenitude dos meios de salvação, pois o Senhor confiou todos os bens da Nova Aliança ao único colégio apostólico, cuja cabeça é Pedro.

161. Por que é que a Igreja é una?
A Igreja é una porque tem como origem e modelo a unidade na Trindade das Pessoas de um só Deus; porque tem como fundador e cabeça Jesus Cristo, que restabelece a unidade de todos os povos num só corpo; e porque tem como alma o Espírito Santo, que une todos os fiéis na comunhão em Cristo. Ela tem uma só fé, uma só vida sacramental, uma única sucessão apostólica, uma comum esperança e a mesma caridade.

160. Que são os carismas?
Os carismas são dons especiais do Espírito concedidos a alguém para o bem dos homens, para as necessidades do mundo e em particular para a edificação da Igreja, a cujo Magistério compete o seu discernimento.

159. Por que a Igreja é designada templo do Espírito Santo?
Porque o Espírito Santo reside no corpo que é a Igreja: na sua Cabeça e nos seus membros; para além disso, Ele edifica a Igreja na caridade com a Palavra de Deus, os sacramentos, as virtudes e os carismas.
«O que o nosso espírito, quer dizer, a nossa alma, é para os nossos membros, o Espírito Santo é-o para os membros de Cristo, para o corpo de Cristo, que é a Igreja» ( S. Agostinho).

158. Por que é que a Igreja é chamada esposa de Cristo?
Porque o próprio Senhor Se definiu como o «Esposo» (Mc 2,19), que amou a Igreja, unindo-a a Si por uma Aliança eterna. Ele entregou-se a Si mesmo por ela, para a purificar com o Seu sangue, «para a tornar santa» (Ef 5,26) e fazer dela mãe fecunda de todos os filhos de Deus. Enquanto a palavra «corpo» evidencia a unidade da «cabeça» com os membros, o termo «esposa» sublinha a distinção dos dois na relação pessoal.

157. Quem é a cabeça deste Corpo?
 Cristo «é a Cabeça do corpo, que é a Igreja (Col 1,18). A Igreja vive d’Ele, n’Ele e para Ele. Cristo e a Igreja formam o «Cristo total» (S. Agostinho); «Cabeça e membros são, por assim dizer, uma só pessoa mística» (S. Tomás de Aquino).

156. Como é que a Igreja é corpo de Cristo?
Por meio do Espírito, Cristo morto e ressuscitado une intimamente a Si os seus fiéis. Deste modo, os crentes em Cristo, enquanto unidos estreitamente a Ele, sobretudo na Eucaristia, são unidos entre si na caridade, formando um só corpo, a Igreja, cuja unidade se realiza na diversidade dos membros e das funções.

155. Em que sentido o Povo de Deus participa das três funções de Cristo: Sacerdote,   Profeta e Rei?
 O povo de Deus participa no ministério sacerdotal de Cristo, enquanto os batizados são consagrados pelo Espírito Santo para oferecer sacrifícios espirituais; participa no seu ministério profético, enquanto, com o sentido sobrenatural da fé, a esta adere indefectivelmente, a aprofunda e testemunha; e participa no seu ministério real com o serviço, imitando Jesus Cristo, que, rei do universo, se fez servo de todos, sobretudo dos pobres e dos que sofrem.

154. Quais são as características do povo de Deus?
 Este povo, de que nos tornamos membros mediante a fé em Cristo e o Batismo, tem por origem Deus Pai, por cabeça Jesus Cristo, por condição a dignidade e a liberdade dos filhos de Deus, por lei o mandamento novo do amor, por missão a de ser o sal da terra e a luz do mundo, por fim o Reino de Deus, já iniciado na terra.

153. Por que é que a Igreja é Povo de Deus?
 Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de todo o gênero humano.

152. Que significa que a Igreja é sacramento universal de salvação?
 Significa que é sinal e instrumento da reconciliação e da comunhão de toda a humanidade com Deus e da unidade de todo o gênero humano.

151. Em que sentido a Igreja é Mistério?
 A missão da Igreja é a de anunciar e instaurar no meio de todos os povos o Reino de Deus inaugurado por Jesus Cristo. Ela é, na terra, o germe e o início deste Reino salvífico.

139. Com que símbolos se representa o Espírito Santo?
 São numerosos: a água viva que jorra do coração trespassado de Cristo e dessedenta os baptizados; a unção com o óleo que é o sinal sacramental da Confirmação; o fogo que transforma o que toca; a nuvem, obscura e luminosa, na qual se revela a glória divina; a imposição das mãos mediante a qual é dado o Espírito; a pomba que desce sobre Cristo e permanece sobre Ele no batismo.

138. Quais são as designações do Espírito Santo?
 «Espírito Santo» é o nome próprio da terceira Pessoa da Santíssima Trindade. Jesus chama-lhe também: Espírito Paráclito (Consolador, Advogado) e Espírito de Verdade. O Novo Testamento chama-o ainda: Espírito de Cristo, do Senhor, de Deus, Espírito da glória, da promessa.

137. Por que é que as missões do Filho e do Espírito são inseparáveis?
Na Trindade indivisível, o Filho e o Espírito são distintos mas inseparáveis. De facto, desde o princípio até ao final dos tempos, quando o Pai envia o Seu Filho, envia também o Seu Espírito que nos une a Cristo na fé, para, como filhos adotivos, podermos chamar Deus «Pai» (Rm 8,15). O Espírito é invisível, mas nós conhecemo-lo através da sua ação quando nos revela o Verbo e quando age na Igreja. 

136. Que quer dizer a Igreja quando professa: "Creio no Espírito Santo"?
Crer no Espírito Santo é professar a terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que procede do Pai e do Filho, e «com o Pai e o Filho é adorado e glorificado». O Espírito foi «enviado aos nossos corações» (Gal 4,6) para recebermos a vida nova de filhos de Deus.


AS MIL AVE-MARIAS NA CATEDRAL ARMÊNIA




Quinze anos atrás, a senhorita Ren (Irene Dj.), uma de nossas paroquianas de São Paulo, sentiu o desejo profundo de começar a devoção das 1.000 Ave-Marias, na Paróquia Armênia Católica São Gregório Iluminador.

Foi na primeira sexta-feira do mês de agosto de 1997 que um grupo de quinze pessoas se reuniram na igreja paroquial e deu início a essa devoção mariana.

Ela consiste na reza do santo Rosário de forma mais solene. Cada um dos cinco mistérios do Terço é meditado durante 50 Ave-Marias; no Terço comum são somente 10. Em cada Terço rezam-se, pois, 250 vezes a Ave-Maria. Como o Rosário é formado por 4 Terços, um para cada grupo de 5 mistérios: gozosos, dolorosos, gloriosos e luminosos, formando, assim, as 1.000 Ave-Marias. É também chamado de o "Super Rosário".

Um belo quadro da Virgem Maria é posicionado diante dos devotos que, a cada anúncio de um mistério da vida de Jesus, colocam como homenagem uma rosa diante da Mãe de Deus.

A devoção às Mil Ave-Marias faz parte da tradição religiosa no Brasil. Ela não tem vínculo com as aparições de Medjugorje, na Bósnia, antiga Iugoslávia. A devoção está baseada nas aparições de Nossa Senhora em Montechiari, Itália, e no livro do Pe Gobbi: “Aos sacerdotes, filhos prediletos de Nossa Senhora (Movimento Sacerdotal Mariano)”.

Em Montechiari, Nossa Senhora da Rosa Mística pediu oração, sacrifício e penitência para salvar o mundo. Ela quer proteger seus filhos dos perigos que podem acontecer por falta de oração e conversão.         
                                                                            
Durante a devoção das mil Ave-Marias é celebrada a Santa Missa. Dom Vartan confiou ao grupo a missão especial de rezar pelas vocações religiosas e sacerdotais da Igreja Armênia.

Muitas outras intenções são postas pelos presentes que sempre louvam a Deus por tantas graças recebidas.

As pessoas devotas das 1.000 Ave-Marias não poupam esforços para participar mensalmente dessas horas intensas de oração. Uma delas levanta bem cedo para tomar vários transportes públicos e chegar às 8h na Catedral para o início da oração. Um senhor, morador de rua, entrou por acaso na igreja e há seis anos faz parte do grupo de devotos!

O Rosário, como nos recorda muito bem o Papa João Paulo II, é uma devoção que tem Jesus Cristo como centro. Tudo, nele, nos leva ao Salvador e esse é um dos modos de realizar o convite do apóstolo Paulo "Orai continuamente!" (1Ts 5,17)


Na Catedral Armênia Católica a devoção das 1.000 Ave-Marias se realiza na manhã da segunda sexta-feira de cada mês, com início às 8h e santa Missa às 10h.



O beijo da paz


A paz é desejada por povos e nações que buscam incessantemente um modo harmonioso de conviver num mundo conturbado e violento. Pessoalmente, cada um de nós vive este mesmo anseio de bom relacionamento, perdão, alegria, otimismo e diálogo. Construir a paz é um dever que se nos impõe como cristão e como exercício de cidadania. Paz é condição de vida digna, respeito dos direitos da pessoa, justiça social para que não haja excluídos; enfim, é a plenitude de vida que só o Cristo pode nos dar, até culminar na vida eterna.

A Eucaristia dominical expressa em plenitude toda essa realidade. Cristo, príncipe da paz, reconciliou-nos com o Pai, extinguiu todo ódio e divisão que pesavam sobre o ser humano. Por isso, na tarde do domingo da ressurreição, Ele se põe no meio dos apóstolos e lhes diz: “a paz esteja convosco”. Depois sopra sobre eles e lhes diz: “Recebei o Espírito Santo” (Jo 20,19.22). A paz é o fruto primoroso da sua ressurreição, significa os corações dos discípulos unidos no ardor da caridade com força para superar no Espírito tudo o que nos impede de viver as bem-aventuranças, a novidade do Reino em nossas vidas. Somente em Cristo, o coração humano encontra a paz verdadeira, alicerçada no amor-doação em favor do bem comum.
Em cada Eucaristia recebemos diretamente do Senhor o dom de sua paz. Várias vezes o sacerdote canta e abençoa o povo reunido: “a paz esteja convosco” (*****). A paz acaba sendo o próprio Senhor que vem para derramar seu Espírito sobre nós.

Durante a celebração também é considerada a advertência do Senhor: “quando for apresentar sua oferenda ao altar, e se lembrar de que seu irmão tem algo contra você, procure antes reconciliar-se com o seu irmão” (Mt 5,23). Por isso, a paz é trocada na Igreja armênia após a proclamação da Palavra, anúncio de conversão, e antes de iniciar a oração eucarística, a fim de que todos estejam bem dispostos para entrar em comunhão com o Senhor e formar o seu corpo, a Igreja, sem nenhuma divisão.

Os acólitos beijam o altar e as mãos do celebrante e levam a paz para os membros da assembléia, cumprimentando-os. Mesmo antes, o diácono já tinha convidado a assembléia para saudar-se mutuamente com o beijo da paz. Do altar que é Cristo e do sacerdote que age na pessoa dele origina-se a paz que é difundida na Igreja, corpo de Cristo.

A oração cantada pelo coro-assembléia é magnífica e revela a finalidade última da Eucaristia: pela comunhão no sacríficio reconciliador de Cristo vencemos toda separação e formamos a unidade do seu corpo, a Igreja.

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